Ao pesquisar sobre o Bitcoin (BTC), você já deve ter visto uma outra criptomoeda bastante famosa: o Bitcoin Cash (BCH). Embora possuam nomes e até características semelhantes, elas não são a mesma criptomoeda.

Isso porque a rede de Bitcoins e do Bitcoin Cash possui algumas diferenças entre si. E, claro, a principal diferença está no preço: um BTC vale cerca de R$ 124 mil, enquanto o BCH vale pouco mais de R$ 680.

Mas você sabe diferenciar as duas criptomoedas e tomar cuidado na hora de escolher qual comprar? Confira abaixo como surgiu o BCH e o que o diferencia do seu irmão mais velho.

Fruto de uma “guerra civil”

Em 2017, a rede do BTC sofreu uma grande divisão chamada de hard fork, que causou uma cisão entre os mineradores. Parte deles resolveu permanecer na rede do BTC, ao passo que outra parte resolveu sair e criar uma nova criptomoeda. Essa criptomoeda foi justamente o BCH.

O fork, ou garfo (em tradução livre), é um termo usado para designar uma divisão em uma rede. Essa divisão pode ocorrer de duas formas: suave (soft fork) ou dura (hard fork).

No soft fork, os sistemas que não são atualizados podem continuar funcionando normalmente, pois a coexistência não é afetada. Por exemplo, o sistema operacional Mac OS e suas versões são um soft fork, pois o lançamento de uma nova atualização não impede os sistemas antigos de funcionarem.

Já um hard fork causa essa incompatibilidade, pois todos precisam atualizar o sistema. Quem não o fizer se torna incapaz de utilizar aquela rede. Portanto, os novos sistemas são considerados um programa separado, não compatível.

No caso do BTC, o hard fork tornou os blocos da nova rede incompatíveis com a blockchain atual. Dessa forma, eles se separaram em uma rede alternativa, que recebeu o nome de Bitcoin Cash (BCH).

Para que o BCH surgiu?

Na época em que o BCH surgiu, a rede do BTC possuía muito menos capacidade e evolução do que atualmente. Conforme o uso da rede cresceu, as taxas de transação dispararam, elevando drasticamente o preço de fazer as menores transações.

Com isso, um grupo de pessoas afirmou que o BTC precisava se tornar mais escalável, isto é, ter capacidade de fazer mais transações. E para isso acontecer, era preciso aumentar o tamanho dos blocos da rede.

No entanto, nem todos desejavam tomar essa medida, considerada de alto risco para o futuro do BTC. Após anos de debate e discussões, a divisão finalmente aconteceu em 1 de agosto de 2017. Os defensores do aumento dos blocos ficaram com o BCH, deixando o BTC com o restante da rede.

Diferenças e semelhanças

Por ter surgido de uma divisão do BTC, o BCH compartilha muitas semelhanças com a criptomoeda. Ambos possuem uma quantidade limitada de unidades (21 milhões) e utilizam a mineração via Prova de Trabalho. Os nós e mineradores também fazem parte de ambas as redes.

No entanto, um minerador da rede do BTC não pode minerar BCH, ou vice-versa. Da mesma forma, um nó que valida as transações de uma rede não pode validar as transações da outra ao mesmo tempo.

Além disso, a principal diferença entre o BTC e o BCH está no tamanho dos blocos — estruturas que armazenam as transações. O BTC manteve o tamanho original de 1 MB, ao passo que o BCH aumentou a capacidade para 32 MB.

Como tem blocos maiores, o BCH consegue processar mais transações e possui um custo menor. No entanto, os blocos maiores tornaram a rede mais centralizada, ou seja, com o poder concentrado em poucas mãos, o que deixa o BCH mais vulnerável a ataques.

Essa centralização ocorre porque os custos de rodar um nó do BCH são muito maiores do que no BTC. Nesse último, é possível rodar um nó com um simples computador e um HD externo, mas o BCH requer custos bem mais elevados.

Justamente por isso, o BTC ainda se mantém no topo das criptomoedas mais valiosas do mercado. O BCH, por outro lado, que já figurou entre as 10 maiores, perdeu muito valor e hoje está apenas na 30ª posição no ranking do CoinMarketCap.