Dificuldade para pronunciar determinados fonemas e palavras. Esta é uma das características do Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) que pode ser observado ainda na infância e, às vezes, pode estar relacionada a algum distúrbio de desenvolvimento da criança.

O que diz os especialistas

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“O diagnóstico é multidisciplinar e deve ser feito por exclusão, ou seja, descartando-se a possibilidade de qualquer outra patologia. Na avaliação de linguagem, examina-se a expressão e recepção de diferentes aspectos, como fonológico, lexical, morfossintático, semântico e pragmático. Posteriormente, existem tratamentos/terapias, que auxiliarão no desenvolvimento desses indivíduos”, explica a fonoaudióloga Débora Lopes, coordenadora do Departamento Cemes Centro Médico).

Para a especialista, as crianças que demoram a falar ou que possuem dificuldades de determinadas palavras podem ter o diagnóstico confundido, muitas vezes, com perda auditiva, deficiência mental, distúrbio do desenvolvimento, entre outros. “Vale ressaltar que, independente do nível do distúrbio, se diagnosticado e tratado precocemente, por profissionais especializados, as consequências podem ser atenuadas”, ressalta Débora. Por se manifestar na idade escolar, o distúrbio de fala mais comum é a dislexia, que representa cerca de 3% na estatística dos distúrbios da comunicação na infância.

Ainda, a Dra. Débora Befi conta que as crianças com DEL, quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, têm dificuldades com a aquisição da escrita e podem ser facilmente confundidas com crianças disléxicas, em virtude de um diagnóstico incorreto. A fonoaudióloga lembra que o enfoque do processo terapêutico nas diferentes patologias é diferente. “De toda forma, o importante é salientar que, para crianças com DEL, as atividades que derivam de conhecimento linguístico se tornam difíceis ao longo de toda a sua vida pessoal, acadêmica e profissional”, destaca.

Os Estudos apontam

Um estudo organizado pelo Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que os déficits observados na produção narrativa em crianças com DEL apontam para as dificuldades conversacionais que influenciam no desenvolvimento da competência social, que implica em aspectos sociais, cognitivos, acadêmicos e comportamentais.

A historiadora e especialista em Educação a Distância, Priscila Rondas, 34 anos, sentiu de perto este problema na família. É que o filho dela, o pequeno Pedro Vinícius Rondas, de quatro anos de idade, foi diagnosticado com distúrbio de linguagem, o que ocasionou na demora da fala e, posteriormente, na compreensão das palavras. Priscila conta que ela e o marido já haviam reparado este problema do filho, mas só depois de uma orientação da escola e do pediatra é que eles procuraram um médico.

“Temos certeza que se não tivéssemos procurado um especialista, ele teria problemas para se relacionar com os amiguinhos da escola, pois não entenderiam o que ele estava falando. Ao final de cada sessão que o Pedro faz sozinho com a especialista de forma lúdica, ela chama os pais para dar um feedback de sua evolução e passar alguns exercícios que devem ser feitos em casa com a criança para o próximo encontro”, conta Priscila.

A mãe de Pedro Vinícius comenta também da dificuldade de comunicação ocasionada pelo problema, mesmo ainda em tratamento. “Algumas vezes ele fala alguma coisa que não entendemos, e fazemos um grande esforço para entender ou decifrar o que ele diz. O médico nos orientou a sempre estimulá-lo a dizer corretamente as palavras, e nunca aceitar que ele se expressasse apenas por gestos ou mímicas”.